Yudi Hayashi defende formação voltada à excelência e liderança

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Setor enfrenta paradoxo de alta demanda e escassez de profissionais qualificados, enquanto métodos de formação defasados e falta de gestão de equipes travam a adoção de novas tecnologias.

A construção civil brasileira vive um momento de contrastes. Se por um lado o setor demonstra vigor e demanda crescente, por outro, encontra um de seus maiores “gargalos” históricos: a falta crônica de mão de obra qualificada e, principalmente, de liderança técnica capaz de gerir equipes e implementar inovações. O diagnóstico não é novo, mas se agrava à medida que novas tecnologias, como o BIM (Building Information Modeling) e métodos construtivos industrializados, batem à porta, mas encontram resistência na base operacional.

Para Yudi Hayashi, especialista em formação profissional e treinador que levou o Brasil a pódios mundiais na competição WorldSkills, o problema é menos sobre a quantidade de trabalhadores e mais sobre a qualidade e o método de formação. “O setor sofre com uma deficiência estrutural na formação”, analisa Hayashi, que atuou por anos como instrutor e avaliador técnico no SENAI. “Muitas vezes, o treinamento é defasado, focado apenas na execução básica, e negligencia competências essenciais de gestão, resolução de problemas e adaptabilidade. Formamos executores, mas a indústria precisa desesperadamente de líderes técnicos.”

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Yudi Hayashi (Foto: Divulgação)

Essa deficiência estrutural se reflete diretamente nos canteiros de obras, onde se multiplicam os desafios: dificuldade em preencher vagas que exigem conhecimento técnico específico; mestres de obras que ascendem pela experiência prática, mas sem formação em gestão de equipes; uma desigualdade regional gritante na qualidade do ensino; e, consequentemente, a baixa adoção de novas tecnologias por falta de quem saiba implementá-las.

Como solução, Hayashi defende a adoção de metodologias rigorosas e padronizadas, similares às usadas em competições de elite, como o modelo SENAI e a WorldSkills (a olimpíada mundial de profissões técnicas). “O ambiente de competição de alto nível nos força a criar excelência”, explica o especialista. “Não basta saber fazer; é preciso fazer com precisão, eficiência, segurança e sob pressão. Esse é o profissional que a indústria moderna precisa.”

Foi justamente essa experiência como treinador e avaliador que levou Yudi Hayashi a sistematizar um método próprio para resolver essas lacunas. Durante sua atuação no SENAI, ele desenvolveu três pilares metodológicos, consolidados em manuais que mudaram o padrão das competições nacionais. O primeiro foca na seleção e preparação comportamental, garantindo que os escolhidos tenham perfil para se tornarem futuros líderes. O segundo implementa a padronização do treinamento técnico (como o aplicado em Masonry/Alvenaria), unificando o aprendizado do básico ao avançado. Por fim, o terceiro pilar estabelece a unificação das avaliações em todo o Brasil, trazendo coerência e refletindo as exigências reais do mercado.

A aplicação deste método rigoroso não demorou a mostrar resultados. O impacto foi visto diretamente na melhoria do desempenho em competições estaduais e nacionais, culminando na formação de competidores medalhistas em nível internacional. “Mais importante que os pódios”, aponta Hayashi, “foi o legado. Criamos uma base técnica sólida que não só formou campeões, mas multiplicou o padrão de ensino. Muitos desses competidores hoje são instrutores de alto desempenho ou líderes em suas empresas”. Para o especialista, a lição é clara: enquanto a construção civil não investir seriamente na padronização e na formação de líderes desde a base, continuará refém da baixa produtividade, mesmo diante de um mercado aquecido.

 

emiliano macedo

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LR

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