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País – Os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) aumentaram 30% nas primeiras 24 semanas epidemiológicas deste ano em comparação com o mesmo período de 2024. O dado acende um alerta com a chegada do inverno, que começou oficialmente nesta sexta-feira (20), período em que a circulação de vírus respiratórios se intensifica, elevando o número de infecções e casos graves.
De acordo com a infectologista e professora do Instituto de Educação Médica, Silvia Fonseca, o frio favorece o contágio. “No inverno as pessoas ficam mais dentro de casa, nos escritórios, andam no transporte público com as janelas fechadas. Isso aumenta a proximidade das pessoas, e a maioria das infecções respiratórias se transmite por gotículas. Quando a gente tosse, fala, espirra, essas gotículas podem cair perto do olho, do nariz e da boca de outras pessoas e contaminá-las. Ou também podem cair na superfície, aí a pessoa toca e leva para o rosto sem perceber”, explica.
O tempo seco e o frio, que irritam as vias respiratórias e as deixam mais vulneráveis, somam-se à facilidade de transmissão do vírus Influenza, que se replica mais no organismo humano em baixas temperaturas.
Dados do Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostram crescimento nas infecções por influenza. Dos mais de 103 mil casos graves de SRAG registrados este ano, quase 53 mil tiveram confirmação laboratorial para algum vírus respiratório. Desses, aproximadamente 27% foram causados por Influenza A ou B. Nas últimas quatro semanas, essa proporção subiu para mais de 40%.
O boletim também aponta que metade das quase 3 mil mortes por SRAG com confirmação viral ocorreram após infecção por gripe. Considerando apenas as últimas quatro semanas, esse percentual sobe para 74,6%.
Para a infectologista Silvia Fonseca, a percepção de que a gripe é uma doença leve compromete a principal forma de prevenção. “O vírus influenza pode evoluir rapidamente para quadros de insuficiência respiratória, infecções pulmonares e internações prolongadas, especialmente em idosos e pacientes com doenças crônicas. A vacinação anual é a forma mais eficaz de reduzir esse risco”, alerta.
Baixa adesão à vacinação preocupa especialistas
Apesar do avanço da doença, a campanha de vacinação contra a gripe ainda não atingiu a meta. Até esta sexta-feira (20), menos de 40% do público-alvo havia se vacinado, segundo o painel do Ministério da Saúde. A campanha começou em abril, justamente para proteger as pessoas mais vulneráveis antes do inverno.
O imunizante protege contra os subtipos Influenza A (H1N1 e H3N2) e Influenza B, sendo altamente eficaz na prevenção de casos graves e mortes.
Outra preocupação é a covid-19. Apesar da redução na incidência de casos, a doença ainda aparece entre os óbitos por vírus respiratórios, representando 30,9% nas 24 primeiras semanas do ano. Nas últimas quatro semanas, embora os testes positivos para covid tenham sido apenas 1,6% dos casos graves por vírus, a doença respondeu por 4,2% das mortes — o que evidencia sua letalidade, principalmente entre idosos.
Entre as crianças, o alerta permanece para o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causador da bronquiolite. A infecção atinge as estruturas mais finas dos pulmões e pode ser fatal, especialmente em menores de 2 anos. A vacina contra o VSR está disponível em clínicas particulares para idosos e gestantes — neste último caso, com o objetivo de proteger os recém-nascidos por meio da transferência de anticorpos. O Ministério da Saúde já anunciou que a vacinação será incluída no SUS para gestantes no segundo semestre.
O período de maior circulação do VSR começa no outono e já dá sinais de redução, segundo o InfoGripe, mas ainda responde por grande parte dos casos. Em 2025, o VSR foi o vírus mais prevalente, presente em 45,3% dos casos graves. Também foi responsável por 13% das mortes por infecções respiratórias nas últimas quatro semanas.
A professora de Enfermagem da Faculdade Estácio, Andréia Neves de Sant’Anna, reforça que medidas simples ainda são eficazes na prevenção. “Evitar aglomerações e ambientes fechados; lavar as mãos com água e sabão ou usar álcool em gel; usar lenço descartável para higiene nasal; cobrir o nariz e boca ao espirrar ou tossir; evitar tocar olhos, nariz e boca; não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; manter os ambientes bem ventilados e evitar contato próximo com pessoas com sintomas gripais”, orienta.
Além disso, ela ressalta que o cuidado com o próprio organismo também faz diferença. “Repouso, alimentação equilibrada e bastante hidratação podem ajudar o organismo a se recuperar mais facilmente”, conclui. Com informações da Agência Brasil.
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Agatha Amorim
LR