Os medos do envelhecer

Foto: Divulgação

Durante três semanas, sem que soubessem minha intenção, conversei com pessoas de diversas faixas etárias e condições socioeconômicas, todas com idade abaixo de 50 anos, para saber os maiores medos delas no que se refere a envelhecer. Foram bate-papos informais, tanto em Volta Redonda, quanto no Rio e outros municípios do Sul Fluminense.

Essa semana no Brasil e no mundo está se comemorando o Dia Internacional e Nacional da Pessoa Idosa, em 1º de outubro. A proximidade da data me levou a fazer essa pesquisa informal.

Ainda que eu tenha uma longa estrada de escuta ativa junto aos idosos – pela experiência de mais de 17 anos lidando com esse público, tanto à frente da Secretaria de Assistência Social de Volta Redonda e Angra, como presidente da Comissão da Pessoa Idosa da Alerj – me cobrei ouvir aqueles que ainda não se enquadram no perfil.

Os maiores medos são, por ordem, viver com limitações físicas, perder a sanidade mental e perder a autonomia. Saúde física, mente ativa e independência são os “privilégios” mais almejados.

Levei o resultado à minha equipe e mergulhamos em pesquisas e referências. Sentimos orgulho por Volta Redonda ter inúmeros equipamentos e programas públicos para a pessoa idosa que atendem esses anseios. E muitos implantados ou expandidos em minha gestão como secretário de Assistência Social.

As atividades esportivas, que promovem a saúde física evitando ou melhorando as limitações; a Academia da Vida, onde há música, dança e teatro, que contribuem para evitar ou retardar perdas cognitivas e de memória; o Centro-Dia para Pessoas com Alzheimer e Familiares, que acolhe e cuida daqueles que já tiveram tais perdas; os Grupos de Convivência, que trabalham a autonomia da pessoa idosa e que expandi de 4 para 70; e o Bloco da Vida, que contribui para saúde mental e autonomia, são alguns desses equipamentos.

Todos são intersetoriais e multidisciplinares. Em paralelo, há ações que focam na convivência intergeracional, envolvendo diversas secretarias. Encontramos semelhanças com os equipamentos e programas e ações intergeracionais da Suíça, Noruega, Suécia, Canadá e Alemanha, países que possuem as melhores políticas públicas para os idosos.

Quando a política pública para pessoas idosas inclui todas as etapas da vida, desde a primeira infância, ela tem uma eficácia natural e sustentável. Ela muda uma cultura. A violência física, psicológica e patrimonial contra a pessoa idosa, por exemplo, é praticada justo pelos não idosos. Acolher, cuidar, dar autonomia a elas é algo que pode e deve “vir de berço”.

Nas próximas semanas, a Comissão da Pessoa Idosa iniciará um ciclo de ações educativas intergeracionais, além de já termos elaborado alguns projetos de lei nesse sentido. E continuaremos cobrando o respeito aos direitos dos idosos. Mais do que direito deles, é obrigação de toda a sociedade. E esse respeito tem de ser uma cultura solidificada, intergeracional.

Munir Neto é deputado estadual e presidente da Comissão da Pessoa Idosa da Alerj

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Agatha Amorim

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