Volta Redonda marca 12 anos da morte de Dom Waldyr Calheiros

 Foto: Divulgação

Volta Redonda – A morte de Dom Waldyr Calheiros completa 12 anos no próximo domingo (30). Figura central na defesa dos direitos humanos, da justiça social e da dignidade humana na região Sul Fluminense e no Brasil durante seu pastoreio à frente da Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, sua trajetória marca gerações e permanece como referência espiritual, ética e social no território. Estudiosos, historiadores e sociólogos, muitos deles volta-redondenses, afirmam que recordar a data é reafirmar compromissos éticos e sociais que Dom Waldyr ajudou a moldar. Para eles, sua presença simbólica segue viva nas mobilizações populares, nos movimentos por direitos e nas iniciativas contemporâneas em defesa da justiça.

A socióloga Raquel Gifonni, professora da UFF-Niterói, sintetiza essa permanência.

“Sinto que Dom Waldyr está sempre presente nas lutas populares em Volta Redonda, seja por melhores condições de trabalho, por moradia digna, pela educação pública ou pela justiça ambiental. Parece que ele continua a caminhar e inspirar aqueles que têm fome e sede de justiça.”

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O historiador e documentarista Erasmo Quiricci, autor de Os Sacerdotes do Povo (2015) e Na Masmorra Uma Voz (2024), ressalta a dimensão histórica e humana do bispo.

“Há quem diga que um profeta caminhou entre nós. Outros, que a santidade se revela em suas atitudes e fé. Contudo, para alguns, seu senso de humanismo e ação revolucionária seja sua marca maior. Eu vejo um Sacerdote do Povo: o verdadeiro pastor dos despossuídos e necessitados, o Bispo dos operários, aquele que lutou contra tiranias. Sua lembrança é ponto de equilíbrio, fé e resistência. Esse é o legado do Bispo Vermelho.”

Já a pedagoga e mestre em Comunicação Social Marlene Fernandes enfatiza seu papel na defesa da democracia durante o regime militar.

“Dom Waldyr Calheiros, como um defensor implacável dos direitos humanos, irá para as páginas da história desse país por seu compromisso com a democracia ao enfrentar a tirania e a violência de uma ditadura que nos oprimiu durante anos. Como um homem do amor, da justiça e da fraternidade, sem olhar cor política, salvou solidariamente vidas de companheiros e companheiras que ousaram lutar contra o regime de exceção pós-64. Presente sempre!”

O professor e historiador Paulo Célio lembra que Dom Waldyr exerceu presença decisiva tanto na Igreja quanto na vida social de Volta Redonda. Ele não se calou diante das injustiças: denunciou publicamente as atrocidades da ditadura, defendeu perseguidos políticos e os mais vulneráveis, e buscou traduzir o Evangelho em ações concretas de solidariedade e justiça. Por sua coragem, foi acusado de comunista, agitador e defensor de “terroristas”, sofrendo ataques e processos. Ainda assim, não recuou, permaneceu fiel à sua missão pastoral. Para Célio, sua memória segue interpelando o presente.

“Em tempos de ataques aos pobres e à democracia, quanta falta nos faz Dom Waldyr e uma Igreja atuante, solidária e encarnada no chão e nas dores de seu povo.”

 

alice couto

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LR

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