Dois anos depois de se apresentar no Brasil, Thundercat está de volta! O virtuoso baixista, produtor e cantor norte-americano retorna ao país em agosto para três apresentações – em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre – como parte de sua turnê pela América Latina.
Em conversa exclusiva com o TMDQA!, o artista falou sobre a expectativa de rever os fãs brasileiros, as influências que moldaram seu som inconfundível e o caminho que percorreu até se tornar uma das figuras mais inventivas da música contemporânea.
Reconhecido por sua habilidade única de misturar jazz com funk, soul, hip hop, R&B e pop, Thundercat é mais do que um músico técnico: é um contador de histórias sonoras, cuja carreira é marcada por colaborações com nomes como Kendrick Lamar, Mac Miller, Gorillaz, Tame Impala e mais.
Com uma discografia celebrada – que inclui o premiado It Is What It Is (2020) – e uma personalidade carismática que transparece tanto em estúdio quanto no palco, ele compartilhou reflexões sobre seu processo criativo, influências e o que esperar dessa nova visita ao Brasil.
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TMDQA! Entrevista Thundercat
TMDQA!: Stephen, obrigado por nos receber! É um prazer ter você de volta ao Brasil para três shows. Quais são as suas expectativas para este retorno e o que o público brasileiro pode esperar de sua apresentação?
Thundercat: Primeiramente, obrigado por me receberem de volta! Acho que o público pode esperar que a gente tente tocar o mais rápido possível, sem motivo nenhum, e se divertir muito. [risos] Eu espero trazer muita diversão, alegria e um pouco de música nova… Algumas músicas antigas, e talvez algumas versões diferentes de algumas delas. Não sei, vamos descobrir, mas vai ser divertido, eu sei disso.
TMDQA!: Bom, já se passaram dois anos desde que você subiu aos palcos aqui em nosso país. Você guarda algum momentos memorável dessa vinda passada que faz você ter um carinho especial por nós?
Thundercat: Cara, eu tenho uma foto na minha casa, emoldurada, de mim e do Kendrick no palco no estádio, dessa última vinda. E eu também tenho uma tatuagem para sempre lembrar do momento em que abri para o Kendrick Lamar no Brasil. Foi inesquecível.
TMDQA!: Considerando a sua filosofia de liberdade criativa na música, como você equilibra a estrutura das suas composições com a liberdade da improvisação nos shows?
Thundercat: Uau, que pergunta maravilhosa! Eu acho que essa separação não é tão complicada, isso faz parte do fluxo natural da música. Não fico pensando muito sobre isso. Aprendi com alguns dos grandes músicos que eu escuto, como Milton [Nascimento], Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Tim Maia. Acho que sempre foi assim, com George Duke e Herbie Hancock. Eu não conheço outra maneira de fazer as coisas.
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TMDQA!: Você é conhecido por ser um grande fã de anime e videogames, e essas referências aparecem na sua arte. Como essas paixões se entrelaçam com sua música e criatividade?
Thundercat: Desde muito jovem, se você ouvir a música dos desenhos animados e videogames, verá que havia uma atenção muito grande aos detalhes. A melodia, a harmonia, tudo foi pensado para estimular o cérebro desde a infância. Músicas de desenhos como o tema de Tico e Teco, ou a música tema de Pokémon – que foi cantada por um dos backing vocals de Michael Jackson – são exemplos de como essa música foi feita para ter um impacto muito grande. Até o próprio Michael Jackson trabalhando na trilha sonora de Sonic the Hedgehog 3… tudo isso influencia, e eu sinto isso na minha música.
TMDQA!: Como você gerencia as influências que moldam o seu trabalho? Existe algum artista ou gênero que você nunca imaginou que fosse influenciar seu som, mas acabou tendo um impacto significativo?
Thundercat: Essa é uma boa pergunta! Algo inesperado? Talvez o Justin Bieber. Quando ele estava conquistando as garotas, o “Bieber Fever“, sabe? [risos] Mas é isso, a música não tem limites. Se a música ressoar em você, ela é boa, independente do estilo ou do gênero.
TMDQA!: Você mencionou que está trabalhando em um novo álbum e que podemos esperar novas colaborações. Pode nos dar uma pista sobre a direção sonora ou temas que está explorando neste trabalho?
Thundercat: Eu não gosto de falar muito sobre isso, porque ainda estou moldando o álbum, mas, se você acompanhou algo que já foi lançado, como o trabalho com o Tame Impala, isso pode ser um bom ponto de partida. Não quero dar muitos spoilers, mas algo novo está por vir!
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TMDQA!: Considerando a sua grande gama de influências e o seu domínio com o baixo, como a música brasileira – talvez o samba, a bossa nova ou o jazz brasileiro – ressoam para ti e influenciam, mesmo que sutilmente, sua abordagem criativa nas composições?
Thundercat: Ah, sempre foi uma história de amor com a música brasileira para mim. Cada vez que venho ao Brasil, fico impressionado com a música e com as pessoas que compartilham esse conhecimento comigo. Tenho muita sorte de ter amigos como o Pedro [Martins], que me mostram coisas e me ajudam a encontrar músicas que vão despertar meu interesse.
A música brasileira sempre vai fazer parte do meu processo criativo, porque o Brasil tem uma musicalidade incrível e sua forma de fazer música é fundamental. Então, com certeza, a música brasileira sempre terá um papel importante na minha própria música.
TMDQA!: Olhando para sua jornada, desde o Suicidal Tendencies até se tornar um artista solo aclamado, qual foi a maior lição que você aprendeu até agora na sua carreira musical?
Thundercat: Nossa… Uma lição? Suas perguntas estão ótimas, isso é loucura.
Acho que a maior lição que aprendi foi algo que veio de Washington. Lá eu aprendi que todo dia que você tem a chance de tocar é um bom dia. Não importa se você não está feliz com a performance, ou se sente que poderia ter feito melhor – sempre que você tem a oportunidade de tocar, é um bom dia. E eu levo isso muito a sério. Às vezes, você toca por cinco minutos ou cinco horas, mas cada oportunidade de tocar é uma boa oportunidade.
TMDQA!: Uau, isso foi profundo, que lindo. Stephen, eu estou representando um site chamado “Tenho Mais Discos Que Amigos!”, e temos a tradição em perguntar isso ao final. Você também considera ter mais álbuns que amigos? E se pudesse escolher um álbum para te descrever ou um que seja significativo para você, qual seria?
Thundercat: Ah, eu com certeza tenho mais discos do que amigos! [risos] Caramba, que nome legal.
Se eu tivesse que escolher um álbum para me descrever, seria Minas do Milton Nascimento. Há algo nesse álbum que é tão poderoso, tão bonito, que não consigo parar de ouvi-lo por dias, realmente não consigo ouvir outra coisa. Outro álbum que tem esse impacto em mim é o primeiro álbum do Jaco Pastorius. Ambos são únicos para mim.
TMDQA!: Incríveis escolhas, sério. Muito obrigado, Stephen, por essa conversa. Foi um prazer falar com você!
Thundercat: Obrigado, foi um prazer falar com você também!
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Eduardo Ferreira
TMDQA! Entrevista: Thundercat fala sobre volta ao Brasil e influências da música brasileira
LR
TMDQA! Entrevista: Thundercat fala sobre volta ao Brasil e influências da música brasileira