Por Anchietx, Cupertino e Leo Guima, d´Os Garotin
A música brasileira não para de conquistar novos fãs pelo mundo. Já são mais de 25 milhões de horas de músicas brasileiras consumidas diariamente em todo o planeta, segundo o Spotify. Os números comprovam que o Brasil segue sendo um dos grandes protagonistas da cena global com o seu repertório diverso, que vai do samba ao funk, do sertanejo ao pop, sempre em constante reinvenção.
Nesse caldeirão cultural, em eterna efervescência, traduzido nos dados, vemos o poder quase místico da música, capaz de transcender fronteiras, redefinir gêneros e fomentar novas criações. Dentro desse movimento, o soul e o R&B têm entrado cada vez mais em diálogo com a MPB, renovando um legado que já se desenhava desde os anos 1960 e 70, quando o Brasil vivia a efervescência da Tropicália e da Bossa Nova, e nomes como Tim Maia e Jorge Ben Jor flertavam com o groove que vinha do outro lado do Atlântico. Eles não apenas reproduziram o estilo, mas abrasileiraram com a nossa malemolência, abrindo espaço para o chamado soul brasileiro.
Se antes o gênero era considerado de nicho, hoje ele brilha nos palcos de festivais e nas mais diversas playlists mundo afora. Antes da internet, o acesso a músicas e estilos diferentes se dava por meio de videoclipes, assinaturas pagas ou apresentações curtas, muitas vezes únicas, em casas de shows. As plataformas digitais ajudaram a democratizar esse universo, e hoje mais de 815 milhões de playlists de usuários pelo mundo incluem artistas brasileiros, permitindo que a gente cruze oceanos com o nosso som e que alguém no Japão, na Europa ou nos Estados Unidos descubra artistas como nós, e tantos outros como Liniker, IZA, Jota.pê e Melly.
O nosso som vem da experimentação sonora que une elementos de R&B, Soul, e MPB. Em 2024, tivemos a honra de participar de eventos como Rock in Rio, Doce Maravilha, Sarará, Turá e Rock The Mountain, além de abrir shows da turnê AmarElo – Gira Final, de Emicida. Reafirmamos essa identidade com o lançamento de Os Garotin Session 2, que sucede o álbum Os Garotin de São Gonçalo (2024) — projeto que consolidou nosso trabalho e nos levou à conquista do Grammy Latino. O novo EP apresenta novas camadas e arranjos elaborados, com faixas que transitam do romance ao groove dançante, abrindo cada vez mais espaço para o soul brasileiro, para essa MPB contemporânea e construindo um novo capítulo nessa história.
A criatividade vem da mistura de estilos e dela surgem novos e híbridos gêneros. A capacidade de convergir diferentes sons e temáticas diversas, das românticas às sociais, encontram ressonância em um público ávido por músicas que toquem a alma e tragam também um ritmo contagiante. Fazemos parte dessa corrente buscando honrar as raízes que nos moldaram e, ao mesmo tempo, projetar uma nova voz para o mundo: um balanço puramente brasileiro. Porque, no fim das contas, a música, assim como a vida, é sobre encontros e sobre a capacidade de transformar o que vem de longe em algo que soa como casa.
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